19 maio, 2008

"Ignorância à flor da pele!".

Para começar... - o que significa ser ignorante?
Do latim [ignorantia], o termo, hoje deturpado, sugere o desconhecimento de algo, de alguma cátedra, de algum assunto, e, assim, todos nós somos ignorantes em potencial.

Ao abordar um tema que se embasa nesta vernácula, permitimo-nos trazer à luz dos fatos um outro termo da língua portuguesa - [cultura.].

Para que haja a cultura é necessário que, paralelamente, exista a literatura e, para que a literatura sobreviva, claro; é indispensável a figura do livro.

Aliás, disse o grande escritor José Bento Monteiro Lobato: - [Um país se faz com homens e livros!].

Estendendo o pensamento do nobre escritor, eu diria:... - [Uma humanidade se faz com homens, cultura e livros!].

Em verdade, em verdade, eu digo:... - [É lamentável o que ocorreu no domingo; 18.05.08.].

Militando nas fileiras da Associação Cultural Literatura no Brasil, desenvolvendo o projeto que visa, a priori, o incentivo e o apoio às bibliotecas comuinitárias, em comitiva, decidimos visitar o Parque Maria Helena e bairros adjacentes com a finalidade de arrecadar livros que, porventura, se encontrassem obsoletos e se uso, empoeirados nas prateleiras das estantes, condenados ao silêncio dentro das caixas de papelão ou quaisquer outros dispositivos similares.

Não nos foi necessário conduzir uma das mais modernas máquinas fotográficas, pois o equipamento mais sutil e funcional dessa modalidade, o cérebro, se encarregou de registrar todos os flashes da nossa experiência como arrecadadores de livros.

Que as pessoas estejam saturadas com a avalanche de visitas de cunha religioso, as vezes inoportuna pela forma de abordagem, não se discute; agora, rotular a todos como pertubadores da ordem em potencial é, ao menos, complicado e insensato.

Que lástima!

Pode-se afirmar, sem sombras de dúvidas que, moradores nos atenderam com atitudes de completo desdenho, outros nem se limitaram a nos dar a devida atenção, e, outros, ainda, nem sequer se dignaram a abrir as janelas e nos oferecer a migalha da sua cordialidade para ouvir os nossos propósitos.

O tempo urgiu...

Os ponteiros dos relógios marcaram, enfim, o horário que havíamos programado para o término de nossas atividades naquele dia, independente do resultado: é claro!

Restou-nos a lição...

Apesar de se estar atravessando os dias do terceiro milênio, eivo de tecnologia, de aparelhos moderníssimos que facilitam a vida dos indivíduos deste século, salvo um melhor juízo de valor, exaltando àqueles que se dignaram a nos oferecer alguns minutos para, pelo menos, tomar ciência da nossa proposição e, paralelamente, compartilhar deste tão nobre empreendimento, a impressão deixada é a pior possível... - individuos desintonizados, totalmente, com cultura, despreparados, julgadores em potencial, sem respeito ao próximo, sem comprometimento algum com o nível intelectual dos brasleiros e da nação...

Possível é que haja aqueles que no mais crasso de seu entendimento tenha formulado o seguinte explicativo:... -[Ah, moço! Daqui há cinqüenta anos, eu não estarei por aqui!].

Eu também não! Mas estarão os meus filhos, os meus netos, os meus bisnetos, os filhos da minha quarta, quinta, sexta, oitava, nona, décima gerações e qual é o legado que deixarei para estas? O que eu espero do Brasil dos anos vinte, trinta ou quarenta? Um país digno de gerir a economia do Mercosul, um país de homens e mulheres letrados e sabedores do que fazem, ou uma nação inculta e sujeita ao retorno do domínio de outrem?

Fala-se de dois ou três bairros da cidade de Suzano; não se fala do Estado de São Paulo, não se fala da região sudeste, não se fala do Brasil em toda a plenitude...

Nesse rítimo; o que será de nós daqui há alguns anos?

Não sei!

Fica aqui o alerta para as nossas próximas campanhas...

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha