15 outubro, 2008

[SONETO PARA MINHA AGONIA]

Onde estás neste momento?... – Ó flor do campo?
Tu que, insinuante, exalas o perfume de uma flor,
E, me lanças aos obscuros alores e devaneios do amor,
Onde estás; agora?... – Dize-me... – Ó flor do campo?

Estás no oceano lúbrico entre a inércia dos rochedos?
Estás entre os chumaços de algodão que há no ignoto céu,
Ou, entre as gotas gélidas, prateadas do luar que é teu véu?
Onde estás?... – No inimaginável universo dos teus medos?

Não; estás nos sustenidos e nos bemóis que vêem do vento,
Estás no pensamento e no retrocesso de um vil lamento,
Que a minha alma cândida não ouça um só lamento.

Estás em cada uma das gotas salgadas que brota no oceano,
E, do zênite do pensamento sou eu o teu único e fiel decano,
A sucumbir nas ondas bruscas do oceano em lúdica fúria.

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha