27 outubro, 2008

[O PILOTO MAIS HÁBIL DO MUNDO].

Venha cá, puxe, literalmente, a poltrona, sente-se, tome um gole de água mineral, afine a sua voz; precisamos dialogar – mas, dialogar sobre o quê?

Bem, caminhemos a passos lentos sob a névoa da história, e analise-se a cada dia, a cada semana, a cada mês, a cada ano, a cada século, a cada milênio, alcancemos os primórdios da civilização, e, de lá, retornemos, em estudo e pesquisa, ao século vinte para assistir as arriscadas manobras dos pilotos no decurso da Primeira Grande Guerra Mundial.

Na oportunidade, usemos de toda a nossa astúcia para escapar do inferno dos petardos representados pelas destruidoras granadas, pelos disparos arrasadores dos canhões, pelos detonar dos fuzis e de toda a parafernália bélica no sentido particular de preservar a vida.

Demais disso, acalmados os ventos da guerra insana; quatro anos depois, assistamos a Sacadura Cabral e a Gago Coutinho tomar o grafite da ousadia para escrever nos anais da história o grande feito – a primeira travessia do Oceano Atlântico – um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade.

Não obstante, não nos surpreendamos com a ignonímia e a insensatez do homem moderno nas figuras de [Von Braum e seus asseclas], além, naturalmente, da irreverência dos grandes ditadores [Adolf Hitler, Winston Churchill e Benito Mussolini], estopins reais do holocausto de Auschivitz e responsáveis pela antológica aniquilação de parte das raças.

Ouçamos o detonar da bomba atômica, e, paralelamente, o florescer das rosas vermelhas tanto de Hisroshima quanto de Nagasaki, e, atentemos para o tardio arrependimento implícito na alocução interrogativa– My God, what have we done... – Meu Deus, o que nós fizemos – ignóbil represália ao inoportuno ataque japonês à Base Naval de Pearl Harbor, isto; com a singela dose do mortal veneno da radiação.

Vivamos o lapso da paz pós Segunda Grande Guerra Mundial e solvamos do cálice do vinho da tranqüilidade, entravemos o tempo para, no vislumbre das irreverentes manobras, admitir, de uma vez por todas, a destreza e a habilidade de um ignoto piloto.

Nele; o vôo veloz e elegante, a asa caída, ora à direita, ora à esquerda, o se elevar e o regredir, a distinta inversão do nadir em zênite, o centro disposto em todas as direções, o referencial da circunferência em nenhuma, é-nos, por assim dizer, o nirvana especial para os nossos olhos de expectadores.

Intrigante é...

Intrigante; a flutuação enquanto voa sob o seu próprio eixo de gravidade; não – é demais!

Jamais se teve noticias da existência de um piloto que, com tamanha qualificação, tenha alcançado tal façanha...

Afinal, mil e duzentos fluxos e refluxos por minuto giram ao derredor de suas asas, vinte fluxos e refluxos por segundo, os movimentos de precessão e de recessão, o de translação e o de mutação, o de objeção e o de repulsão em perfeita consonância com o seu vôo, o bico de forma pontiagudo e extenso como um eficaz elemento de força e de equilíbrio; associado a manete de comando da direção; simulacro da perfeição e da improbabilidade de uma queda acidental são, evidentemente agora, não as características do majestoso e irreverente piloto, mas do seu aparelho de vôo.

Demais disso, por todos esses inigualáveis qualificativos, por esse inegável rol de irrefutáveis aptidões técnicas, por essa destreza impoluta é que não se tenha duvidas.

O colibri, ou, beija-flor é o piloto mais hábil do mundo – conteste se tiver coragem!

Poesia nos muros

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