18 julho, 2008

"Graduando-se em santidade eis a questão!".


Não sei explicar como, mas, um dia, cansado de tudo, resolvi a qualquer custo que haveria de me tornar um santo, talvez, um santarrão.

A questão crucial que me dilapidava, de uma só vez, todos os meus neurônios era:... – de que forma?... – Haveria um curso para isso?... – Alguma Instituição que me ajudasse?... – Essas perguntas invadiam o meu cérebro e, como verdadeiros meteoritos, me impediam até mesmo de raciocinar.

Permaneci assim por longos dias até que, iluminado não sei bem o porquê, consegui encontrar a solução.

Corri na cozinha, tomei uma bacia, dessas de plástico, coloquei cento e oitenta gramas de farinha de trigo הּפּיּכֿ -Caifás, duzentos e trinta de farinha de milho הּנּאָ - Anás, trezentos e cinqüenta gramas de araruta הּמּסּ - Semes, quatrocentos e noventa gramas de fermento biológico ךּיּתּוֹדּ - Dotaim, duzentos e vinte mililitros de suco de abacaxi הּיּולּ - Levi, cento e cinqüenta gramas de margarina Marcus Pontius Pilatus, cento e vinte gramas de fermento em pó Judas Iscariotes, duas colheres de sopa de essência הּטּסּגּ - Gestas, um copo e meio de conservante הּמּיּדּ - Dimas, oitenta gramas de estabilizante הּוֹתּדּוֹכֿיּנּ - Nicodemos, setenta e cinco gramas de acidulante הּאָיּתּמּיּרּאָלּ ףּסּוֹיּ - José de Arimatéia, dois cálices de sinceridade הּלּגּתּלּןאּיּרּיּמּ - Maria de Magdala, e, para finalizar, meio litro de estabilizante ףּסּוֹיּרּבֿ הּאָוּשׁיּ - Jesus, filho de José. Juntei todos os ingredientes, bati à mão por vinte e cinco minutos, untei uma forma, coloquei a massa e levei aos forno religião.

Demais disso, passei a ler sobre Teologia, pelo menos, duas horas por dia, almejei tornar-me um santarrão, esqueci-me de que, na sua oração sacerdotal, Jesus pediu à Deus:... – [Pai, eu peço não para que os tire do mundo, mas para que os livre do mal], e, abracei o legalismo pregado pelas igrejas desejosas de transformar o fiel em verdadeira marionete. Fiz, literalmente, uma lavagem cerebral, tirei de lá, do meu cérebro, todos os conceitos e princípios que como ser humano que sou, eu necessito para viver.

Passei a desprezar todos os aparelhos eletrodomésticos que Deus permitira ao homem criar para que tivesse uma vida mais confortável, e, esqueci-me de que o apóstolo Paulo disse:... – [Tudo me é lícito mas nem tudo me convém] ou seja entreguei a decisão de julgar o que me serve à doutrina da igreja e ao julgamento dos seus dirigentes, e, nesse caso, me transformei em uma marionete.

Cheguei a ponto de acreditar que o crente que fica doente está em pecado, como pregava o dirigente de minha denominação, mas, na realidade, eu mesmo não sabia o que era pecado porque como disse... – parece que fiz uma lavagem cerebral e, nessas condições, entendia de forma literal a questão da [... a letra mata e o espírito da vida]; é o que me diziam...

Como eu poderia entender que Paulo dizia aos Fariseus:... – [Olha vocês são fariseus como eu sou. Para ser um Fariseu é obrigatório ser um advogado. Como advogado vocês querem impor pela lei. Que tal se ao invés de impor, vocês passarem a ouvir... – a letra está matando vocês.].

Bem, diante disso e mais um leque de legalismos os quais segui durante toda a vida, chego, hoje, a triste conclusão:... – Continuo tão pecador quanto todos porque, ao me deixar dominar pelo legalismo das instituições religiosas, simplesmente, joguei de lado todos os ensinamentos da maior personalidade da historicidade humana e, evidentemente, segui, apenas, os conceitos, os preconceitos e a doutrina dos homens... – esqueci-me de seguir à Deus.

Isso aí!

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha