15 abril, 2006

Ciríaco

Sobrevivente do Inferno
Rodrigo Ciríaco
Amigos,
aliados,
recém chegados.
O que mais escuto é:
Tudo é fútil,
o esforço é inútil
e somos infelizes.
Sobrevivo entre mares de revolta,
contendo a minha fúria para apaziguar.
Digo não a violência
mas a minha impaciência
é a nossa sentença e
sem apatia, não deixo relaxar.
Gasto a minha tinta,
gasto a minha lábia,
dedos no teclado
Toco a letra só pra perturbar.
A Quem?
Aqueles que silenciam e se omitem,
aqueles que lucram e me agridem.
As pessoas,
ao mundo em questão.
Não estou contente como estou.
Não estou de acordo com o rumo que
este barco tomou.
Nem partiu e já naufragou.
É muita treta, tristeza,
desesperança e humilhação djow.
Minha mina que chega e chora,
fala sobre os meninos na rua
e me pergunta: e agora?
Eu que trabalho pra “formar o cidadão”,
estudo, reflito e me sinto perdido:
Como acordar essa molecada jão?
Sonho para não gastar o meu tempo
refletindo apenas em derrotas.
Tento lembrar que sou guerreiro,
terei ainda outras vitórias.
E se Maria Nilda me lembra
que ninguém assistiu
ao formidável enterro
De minha última quimera,
seria agora nos idos de Abril?
Sorrio e prossigo
pensando apenas comigo:
teremos outras primaveras
E não estarei sozinho.
Não sou medíocre, sou lutador.
E apesar da linha tênue
continuo sobrevivente,
não serei um perdedor.
Respeito os que caíram.
Saúdo os que nos enganaram,
Suas covardias são as nossas forças.
Ser paciente e perseverante.
Lutar por justiça.
É a diferença entre o ser e o não.
São alimentos que nos fortalecem,
Sementes que se espalham e crescem,
Fortificam a desobediência e
Nos tornam mais um
sobrevivente do Inferno.

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