02 janeiro, 2006

Poemas!

Poemas da poetisa Dinha...

O sentido quando se nasce
é uma pálpebra fechada diante do espelho
Queria ter nascido ontem.



Ano Novo Amor Velho
(Para Márcio e todos os outros)


I –
O ano novo injetou no calendário
Nova dose de veneno.
Nos convulsionamos todos
Violentamente.

O amor foi atirado
na janela do vizinho:
Fruta podre quebrando
a vidraça do teu peito.

Tentaste juntar os cacos
mas o resultado
feriu tuas mãos vazias.

Então erguemos os olhos e vimos:
Multidões de mãos feridas
Te acenavam como num sonho...

II –
O ano novo entrou chorando
Ou nós é que bebemos
E não vimos que era chuva
O que parecia choro?

O amor foi prolongado
Como um segredo
Dito no ouvido de um homem do povo?

O amor foi quebrado
E é a base de tiros
Que o amor sangra.


III-
O ano novo entrou correndo
Assustado pelos becos.
Entrou com fome.
E as ondas do mar, no mar
Cheiravam a sangue.

A esperança que ele trouxe
Em pouco tempo fedia
A escárnio e peixe podre
por isso anda escondida
nos necrotérios domésticos
das geladeiras e freezers.

Mas o ódio não é capaz
de apontar lugar seguro.
Plantaremos girassóis
Pra espantar esse céu cinza.

(Ano Novo, Amor Velho.
Se olhar não tem mistério:
A dor é parte da luta)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poesia nos muros

                                                               Inveja A idade adulta me trouxe a dor de cotovelo. As crianças são o meu alvo...