02 agosto, 2005

Direto da Paraíba

Carnavais
(Por Gilberto Bastos)

Nos carnavais de minha vida
vi diversos blocos reais:
vi o bloco dos famintos
que com sua melodia castigada
soava essa canção sem esperança.

Vi jovens loucos copulando a noite inteira
disseminando seus vírus alienados nas esquinas
marcando com total ignorância as suas sinas.
Vi aqueles que contaminados choraram
por ter vivido tamanha sujeira.

Vi o bloco das mulheres barrigudas
que ?fantasiadas? de miséria, lavaram
as roupas imundas da pobreza em si.
Vi o bloco das crianças ossudas
cadáveres de leite nas ruas frias.

Nos carnavais de minha vida
vi minha juventude partidária,
decepções d?aqueles que o capital comprou.
Amigos vendidos a blocos de mentiras
dinheiro maldito que ao amor matou.

Vi nas ruas, chuvas de lágrimas
nas cabeças prostradas para a derrota
entoando cômicos hinos de de-sistência.
Generais-palhaços ordenando seus exércitos de covardia
e os pierrots-tristezas largando suas armas.

Mas vi a esperança novamente saltar de mim
eu poço de tamanha descrença...
Banhar os blocos dos suspirados excluídos
formando cordões de combatentes, foliões-rebeldia
despertando na luta, sua verdadeira maestria.

Gilberto Bastos Jr.
escritor, poeta e músico.

Um comentário:

  1. salve sacolinha. só estou passando aqui pra dizer que estarei no seu lançamento.

    ResponderExcluir

Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha