16 maio, 2005

Literatura Negra...

A sombra negra da memória
Por: Elidiane Costa

Diante da poeira dos séculos Do tempo do cativeiro Do açoite Da negra senzala Surge a lembrança do palco Da escravidão do homem sobre o homem A recordação do primeiro escravo Aquele que daria origem A cerca dos próximos milhões de africanos Que seriam escravizados Por oficialmente trezentos anos Com marcas de ferro quente Mutilações, algemas, gargalheiras Máscaras de ferro, focinheiras...Considerados apenas coisas, mercadorias Contados, pesados ou trocados Eram vendidos como peças No mercado de escravos E os seus senhores buscavam Diante da palmatória, da tortura...Torná-los continuamente mansos e obedientes Por vezes com braços e pés imóveis Atados as correntes em troncos Com espírito e alma de luta Lutavam contra o medo do chicote Medo do capitão, capataz Medo da escuridão do olhar Medo de não enxergar Enxergar o pó da terra O liquido do sangue O vermelho do pulsar O sol a brilhar De onde viemos Tentaram nos contar os livros de história Afogados no tempo, silêncio e cores Através das impressões adquiridas Em um dia no passado Uma lei E uma princesa Treze de maio de mil oitocentos e oitenta e oito Princesa Isabel, um último Brasil E a quebra das correntes Fiquemos nós com a sabedoria Da mãe África, que mesmo Acorrentada ao seqüestro, morte e suicídio e castigo Esteve ao lado da aliança, crença e esperança Em nossa negra memória Não mais carente de luz Estão os nossos rebeldes Memória de negros Hoje longe dos navios negreiros De ser prisioneiro Do cativeiro Somos a descendência De nossos ancestrais A força bruta por um pouco mais Para conseguir seguir em frente De braços abertos Sem as correntes Vencendo barreiras Derrubando preconceitos Continuando o movimento Iniciado por guerreiros Para que a cor dos olhos Sempre supere a cor da pele E a cor vermelha do sangue Determine a igualdade Entre os irmãos Sem servidão, rebelião E escravidão.

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Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha