07 novembro, 2004

IV fase

Povo Negro

Vieram da África distante
Jogados em navios negreiros
Cruzando os horizontes
Para um país forasteiro

Foram quatrocentos anos
Viajando nos navios negreiros
Eram jovens, velhos, enfim,
Gente de todo meio

Aqui chegando foram vendidos
Vendidos como mercadorias
Todo seu corpo era vistoriado
E pagavam o que lhes valiam

Trabalhavam, trabalhavam
Manhãs, tardes, e noites,
Não podiam reclamar
Pois logo lhes vinham o açoite

Hoje, os negros descendentes
Vivem numa escravidão disfarçada
Nas miseráveis favelas
Passando fome com as filharadas.

Maria Rivanilda (É moradora do Rio de Janeiro,
e coordena o jornal da ADAB – Associação
dos descendentes de africanos do Brasil)



A pedra

“... procura-se alguém que faça um coração de pedra voltar a ser o que era”.

No subúrbio há um ser humano. Um homem que está indignado e ao mesmo tempo inconsolável. Perdeu a sua família numa chacina e ficou cego de um olho.
Não consegue emprego, não tem na vida um amor, um amigo, não tem televisão, Internet, microondas, DVD, carro, bicicleta. Não tem merda nenhuma... Exceto uma vida miserável.
Mora numa casa feita de madeira e tábuas de guarda-roupa. O chão do seu lar é marrom, e mais embaixo residem as minhocas. O espaço do seu barraco ele divide com o vazio, esse que habita no seu estômago.
Numa dessas madrugadas da vida, ele sai pra rua á procura de comida, ou melhor, restos de comida dispensados pelas bocas fartas sem sentimentos.
A disputa com os vira-latas, é grande.
Uma viatura policial aborda o bicho faminto.
Os homens da lei dão uma surra verbal e física no miserável.
O coração desse ser humano que antes era um fígado mole e meloso, agora é um diamante.
E hoje, procura-se alguém que faça um coração de pedra, voltar a ser o que era.

Ademiro Alves (Sacolinha), atualmente aguarda a análise do seu primeiro livro: Graduado em Marginalidade



Frases, poemas e poesias

“Sou um guerreiro, sinto que sou. Luto e sei que o amor vence o ódio, mas a maioria das vezes que estamos com ódio, é por causa do próprio amor”.
Kaey (Integrante
do grupo Literários Rappers)

Maria Carolina
“Com sua humildade, insistência e perseverança, você foi a jóia da favela, foi, é, e sempre será o ouro no meio do chumbo”.
Sacolinha

Raciocínio
“Foi naquela confusa tentativa, de resolver uma equação logarítmica, que percebeu como a matemática é complicada. Parece a vida real, complicada, confusa, mas nada que um pouco de raciocínio não resolva. Passou então a entender melhor os problemas do dia-a-dia, então sempre os encara com o raciocínio”.
Ademilson Gomes (Morador
do estado de Minas Gerais)

“Não faço poesia, jogo futebol de várzea no papel”.
Sérgio Vaz

Questão de lugar
Artista que sou da escrita, não estou no rádio, nem na TV, por isso, você não me ouve, nem me vê... Você me lê!
Jacy Ge (Criador do Jornal Ação e Poesia
Ferraz de Vasconcelos)

literaturanobrasil@bol.com.br



Atenção!
Acaba de ser lançada a coletânea:
ARTEZ Vol. V – Antologia literária e artística
Contos, Crônicas e Poesias
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Sobre choro e nó na garganta

Trecho do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser" - Escritor Sacolinha